11/04/2024

Pressão reduz e Petrobras vê permanência de Prates no cargo

Por: Nicola PamplonaCatia SeabraThaísa Oliveira
Fonte: Folha de S. Paulo
A queda da fervura e o apoio de parlamentares ao presidente da Petrobras, Jean
Paul Prates, geraram na estatal expectativas de que o executivo será mantido no
cargo por mais tempo. Aliados do governo, porém, não garantem sua
permanência.
Prates viveu uma semana sob intenso tiroteio, desde que o ministro de Minas e
Energia, Alexandre Silveira, fez críticas públicas à sua atuação em entrevista
publicada pela Folha. Antes disso, porém, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) já vinha relatando a interlocutores a intenção de demitir o executivo.
O presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Davi
Alcolumbre (União Brasil-AP), defendeu nesta quarta-feira a permanência de
Prates, lembrando que ele foi senador e é um quadro técnico. "Prates tem meu
apoio", disse.
Consultado por emissários do Executivo, segundo relatos, Alcolumbre disse
que seria ruim demitir o presidente da companhia depois de ele ter sido fritado
pelo próprio governo.
O próprio Silveira mudou de tom após notícias sobre a indicação do presidente
do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
Aloizio Mercadante como substituto. Nesta terça (9), classificou as notícias
sobre demissão como "apenas especulações".
"Tenho o mais profundo respeito e admiração [pelo] que desenvolve,
desenvolveu o parlamentar, o presidente Jean Paul", afirmou.
O recuo de Silveira e declarações do ex-presidente do PT, José Dirceu, em
defesa de Prates, levaram otimismo à atual gestão da Petrobras. Um assessor
próximo ao presidente da estatal disse nesta quarta à reportagem que a ordem
é seguir trabalhando.
Fontes do governo, porém, dizem que Prates ganhou apenas sobrevida,
enquanto Lula busca outro nome para substituí-lo. O processo de substituição
levaria tempo, dizem fontes, e depende de indicação de um nome ao conselho
de administração da companhia.
O governo já entregou uma lista de oito candidatos ao colegiado, mas a
expectativa é que haja troca de nomes, já que o presidente da Petrobras tem que
ser integrante do conselho. A lista atual conta com quatro secretários de
ministérios, Prates e três nomes tidos como independentes.
Prates ainda não se reuniu com Lula para discutir sua situação. Ele ganhou
apoio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), casa legislativa
onde exerceu mandato antes de ser indicado por Lula à presidência da
Petrobras.
Em sua defesa, vem divulgando realizações de sua gestão. Primeiro, em redes
sociais, mostrou obras em andamento em refinarias e estaleiros pelo país.
Depois, no Whatsapp, listou as "principais marcas e recordes da Petrobras nessa
gestão".
Entre eles, estão o "maior lucro da história da empresa sem vender refinarias,
dutos ou subsidiárias", "dez recordes de valor de mercado da empresa ao longo
de 2023" e um "plano de investimento de meio trilhão de reais nos próximos
cinco anos".